
''Chegou em casa decidida a pouco fazer. Pensou em ler livros, folhear revistas, ouvir boa música, desistiu. Quis apenas tomar o chá quentinho que fizera e comer bolachas de água e sal. Da beira da janela, observava a chuva que caía fortemente sobre os vidros.
Começou a rever ações, a julgar razões, a dar soluções, a brincar de Deus. Em pensamentos, quis ser constante, andou errante, era uma infante. Acabou com tudo, parou com o mundo, seguiu seu rumo; buscou a sorte, conquistou o Norte, encontrou a fé, continuou de pé, tornou-se mulher... Já não havia tempo... tudo era passado, tudo tinha mudado, o amor estava morrendo, a chuva caindo.
Desiludida, quisera ter paz, sossegar nunca mais, encontrar um amor, consolar-se na dor, inquietar as prisões, sentir emoções. Tudo era errado, não mais que pecado, todos mudaram, os homens mentiram; os caminhos em desconexos límpidos, os opostos gladiavam, a raiva era luxo, a saudade uma gafe, o tormento inconstante, a salvação distante, o Herói impotente. Reflexiva, estática ficara. Não havia mais desejos, ilusões, sonhos com os quais sonhar. A fé tinha chegado ao fim e a solução tornava-se, cada vez mais, irremediável. Lágrimas caíam..
As pressões a sufocam quanto mais seus sonhos eram verossímeis. Suas ações eram indignas as vontades e anseios de Deus. Tudo estava por um fio. Já não mais sentia sensações, não pensava mais em emoções; tudo era vaidade, a verdade uma saudade, as máscaras perduravam, a chuva passava, seu coração acelerava.
Nesse instante, seu músculo involuntário seguiu os caminhos da chuva que havia parado. Diante de Deus, pediu pela paz, ansiou por morais, conquistou a fé, descobriu o rancor, chorou pelos céus... Tentou animar-se, fazer sua parte, sentiu um desejo, lutou por um beijo, ganhou um clamor que a solidificou. A verdade era pura ao mesmo que imatura. A mentira, um universo de sensações várias de alucinação com crises de mau amor. E só então, ela descobrira que seu destino estava arranjado, só não havia avisado. As vibrações que sentira eram as gotas doces das chuvas transformadas em lágrimas diante da paisagem que os vidros cobriam em sua casa. Justamente ali, o amor sorriu e não mais a inquietou, pois recuperara sua crendisse Nele e isso afagava seu peito, que resplandeceu de flores de jasmin e exalavam o perfume da serenidade que somente a felicidade é capaz de cumprir. Valeu a pena docemente chover.''
PS.: este texto baseia-se em reflexões do clássico de mesmo nome, do autor americano Tennessee Williams. Em sua obra, o dramaturgo faz a síntese de grande parte do desespero existencial com que trata seus personagens. A crueldade maior da história é que ela fala da desilusão do amor, da solidão e da incapacidade do ser humano em ser feliz justamente na base da sociedade: a juventude.
Livro: Fala comigo doce como a chuva
Autor: Tennesse Williams
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13 comentários:
Achei q era seu o texto... As aspas insistiam que não, mas podiam ter um outro sentido que voce as tvesse concedido. Ia dizer que você é genial por escrever este texto.
Curti mto, mto lindo
bejokas enchuvaradas
Maravilhoso!
Que bonito Gabi esse texto! Acho bacana quem tem o dom de transformar palavras em versos, poemas e poesias!
Vou adicionar seu blog no meu, ok ?
Obrigada pela visitinha e pelos comentários, beijos
Gabi...
arrasou ...muito bom esse texto...confesso que me identifiquei com o texto...
realmente fantástico....
O momento que eu vivo agora,fez com que eu interpretasse o texto talvez de maneira diferente,pois estou em um momento...Enfim é MARAVILHOSOOOO!!!!
Adorei Gabbi.
^^
Lindooo o texto Gabbis!!
vou te add na minha lista.
beijinhos..Lê
adorei o texto..gabi!
beijusss
ué parou de postar pq???
...letras q forma palavras e se transformam numa corrente q nos envolve em sentidos nem sempre pr'prios, mas sempre de irrecusavel prazer na leitura...
Abr
Noé
Simples... e lindo!
Gabi o meu mudou de endereço.
rosmf.blogspot.com
Parabéns pelo seu!
Mto legal seu texto .... Sou ator e adoro este texto do Tennesse Willians ... Voce escreve bem, meu parabens
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